Pollyana
O jogo é exatamente encontrar, em tudo, alguma coisa para ficar contente, não importa o quê"
Pollyana
Quando li
Pollyana - de Eleanor H.Porter - confesso que fiquei profundamente irritada. A
protagonista é uma típica menina chata, com uma vidinha medíocre e fortes
tendências depressivas (kkk foi forte minha descrição, mas ela me irrita
mesmo).
A indicação
do livro veio através de uma colega de trabalho, anos atrás, que; percebendo
meu humor nada simpático - estilo hiena hardy daquele desenho Lippy & Hardy
(Oh céus! Oh vida! Oh azar! Isto não vai dar certo!”); encarecidamente
solicitou minha leitura para nossa convivência pacífica.
A
brincadeira sem graça da Pollyana começa quando a menina sonha exaustivamente
com uma boneca e ganha um par de muletas. Ela então aplica as regras do jogo que seu pai havia
lhe ensinado - o “jogo do contente”, - e se desdobra em tentar justificar que está
feliz por não precisar das muletas.
E a
narrativa segue com Pollyana fazendo dos limões da vida uma grande limonada. A
brincadeira protege Pollyana do ambiente severo e punições de sua tia (uma
bruxa!), das decepções ao longo da vida, e das inúmeras situações trágicas de
diversos personagens.
Seu otimismo
consegue contagiar as pessoas mais problemáticas e ranzinzas da cidade e ela
passa a ensinar as brincadeiras para outros chatinhos. Até que sua alegria é
posta a prova (não conto!) e Pollyana encontra apoio nas pessoas que ela ajudou
a encarar a vida com mais otimismo. No fim, todos se unem para ajudá-la.
Tirando
todas as chatices e sem gracices ao longo da narrativa, fica uma pergunta: Até
onde o otimismo pode nos levar? A ponto de agradecermos e nos sentirmos felizes
e abençoados por não ter acontecido algo pior? A ponto de curar doenças? Influenciar
pessoas e ambientes? Modificar a cultura da opressão? Como diz outro colega de
trabalho: “pode ficar pior!” (e normalmente de alguma forma, ele sabe que vai
ficar!)
Se Pollyana
negava a realidade para se proteger e superar seus traumas através do otimismo
(muitas vezes abusivo e surreal), não seria ela uma verdadeira guerreira? Ou
uma completa louca?
Seria
possível forçar esse otimismo e sentir no fundinho aquela frustração? São duas
coisas completamente opostas (não?) e aparentemente não é o que ela sentia. Ou a sociedade pós-moderna obriga a todos uma
felicidade constante como sinônimo de sucesso e realização? Vamos ser otimista
então né? Fazer o quê?
Oh céus! Oh
vida! Oh azar! Isto não vai dar certo!”
Muito bom e pertinente, minha cara!
ResponderExcluirViver as frustrações é algo extremamente saudável, até porque, como vamos aprender a sentir e também, a sair da nossas próprias armadilhas. Já não bastam as inúmeras que a vida nos impõem, diariamente?
Beijos e continue assim, atenta a todos e isto inclui a você mesma. Afinal, somos também os nossos próprios credores.