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A bailarina Dançar  uma valsa leve e ritmada tem um poder de cura. Serenidade e leveza da bailarina que desliza livremente sobre o piso amadeirado daquela sala amarela e janelas verdes. Não são as batidas da musica que a conduz. O que a faz deslizar docemente com suas sapatilhas poidas é a certeza de que a musica não acaba agora. É também a certeza de que valsar é a melhor coisa a se fazer naquela sala de dança.  É leve e harmonioso o compasso da dança. A dançarina também ajuda marcando bem seus passos e deixando para trás o rastro de seus pes esticados em um andeor. Seus pés fazem um ligeiro fondu e demi plie enquanto ela decide avançar dominando a sala.  O piso amadeirado fica marcado pelo giro de seus pés. Seu corpo gira ansioso pelo próximo movimento e sim, ela move os braços e cabeça tão bem direcionados e alinhados que é impossível não pensar que tudo aquilo é minunciosamente orquestrado para encantar a platéia que a assiste. Encantar e seduzir graciosamente seu públi

Mudanças

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O que mais fazemos na vida: mudanças.  Mudamos a cor do cabelo, a roupa (mil vezes!) antes de ir para o trabalho, a maquiagem a cor das unhas, o sapato, a bolsa (precisa ser todo dia?)...Trocamos de casa, emprego, profissão, médico, namorado, marido, mulher... Mudamos os hábitos, o corpo, as manias, o espelho, os gostos, as ideias, as crenças... Vamos mudando tudo. Tudo mesmo.  Trocamos o que não agrada, o que não agrega, o que não faz bem. Priorizamos o que faz sentido, o que traz alegria, o que dá significado a nossa vida tão breve. Desejamos e fazemos. Queremos e muitas vezes podemos. Vamos mudando com o tempo também. Aos cinco temos medo de escuro, aos onze brincamos como crianças, aos treze queremos crescer, com dezesseis sonhamos em ser adulto, aos dezoito, só farra, aos vinte e cinco queremos ser criança. Com trinta crise existencial (serio, isso?), com quarenta queremos uma vida mais tranquila e menos estressante, aos cinquenta reconhecemos a grandeza dos pequenos detalhes

Hiato

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Na linguística, junção de duas vogais pronunciadas em dois esforços de voz. Em latim "hiatus"  significa abertura, fenda, lacuna. Na vida, uma pausa apenas. Um breve momento... Oco... Vazio... A reestrutura, o recompor. Reinventar é preciso, trilhar novos caminhos, vivenciar novas experiências, correr novos riscos, cometer novos erros. Reaprender. Reviver, Redescobrir. Perceber que ainda se surpreende. Que a vida traga surpresas, reviva memórias, reative pequenas lembranças, realize desejos, desenterre sonhos. Viver.

Notas florais

Notas doces e florais, cheiro singelo, porém sensual. Cheiro de quem saiu do banho. Limpinho. Frescor da juventude. Era o que deixava no corredor daquele prédio: um convite ao acasalamento. Seu cheiro doce contaminava como uma droga aquele ambiente. O toc toc do scarpin preto rosnava naquele piso velho amadeirado. Um vestido tubinho que marcava ainda mais a silhueta? As longas madeixas bem escovadas que reluziam em diferentes tons de loiro? O batom nude, olhos marcados, pele hidratada, os enfeites femininos:  colares brincos, um possível anel? Todos os  possíveis detalhes contribuíam naquela vislumbrante cena. Ele podia sentir aquele cheiro quase comível de perfume de mulher.  O ruído insistente do sapato enquanto ela caminhava pelo corredor em direção as escadas. Contava mentalmente cada passo dela. Seu peso, sua idade, seus movimentos delicados  de mulher madura. Já ouvira algumas vezes sua voz do outro lado da parede. Era fina, o que confirmava a teoria de que ela devia ser

Fim de ano: Mês de dezembro

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Dezembro quase não existe na minha opinião. Um mês que passa tão rápido como um suspiro. De repente é Natal e quase não temos tempo para nada. Ninguém reclama muito em dezembro. Ninguém posta no facebook: dezembro seja bem-vindo ou  espero que dezembro seja melhor que novembro.  Todos sabem que será.  Ninguém se dá conta de que o ano acabou, e que subitamente, já se viveu pelo menos 365 dias. É tentador e perigoso ter consciência disso. Ironicamente é por esse breve período que paramos para contabilizar nossos momentos, validar nossas metas, refazer planos. Um mês para pensar em tudo o que se passou e refletir sobre a nossa vida, dividir momentos especiais com pessoas importantes e que amamos. Mês de fotos, festas de fim de ano, compras, presentes, férias,  encontros, reencontros, paz, alianças, tréguas. Mês de promessas, de fé, agradecimento, superstição, simpatias, expectativas. Fim de ciclo, início de outro. Recomeço. Vida. Dezembro, último mês do ano é tam

Crônicas de um homem qualquer

Sob a cama num emaranhado de lençóis brancos acolchoados, a enorme mancha de vinho. Marca de mais uma noite regada à bebida e prazer.  Os pés descalços e sujos na cama evidenciavam a longa noite agitada. Um corpo sobre o outro. Ambos nus, cansados, suados e levemente adormecidos.  O ruído que ela fazia ao dormir o despertava.  O movimento do peito ao respirar, sua pele delicada, seu rosto feminino, seus contornos suaves. Ele a tudo percebia.  Sabia que teria que mandá-la embora pela manhã. Conhecia bem o que estava por vir.  Mais uma noite se passou e como todas as outras noites, essa não foi diferente. Uma noite previsível pensara. Era apenas mais uma mulher em sua cama. Ele nada sabia sobre ela, mal lembrava seu nome. Tinha sido assim nos últimos meses. Uma rotina displicente e erótica. Uma felicidade usurpadora e dissimulada para cada uma de suas vítimas. Não se sentia vitorioso em relação às essas mulheres, não se sentia usado por elas, tampouco. Sabia que se enganava diar

Bom dia por quê?

Bom dia para mim perdeu totalmente o significado. Quem não tem o que dizer, diz apenas bom dia. Sai oco, grave, inexpressivo e sem a menor vontade de se tornar um real desejo. Hoje acredito que tenha substituído o famoso oi ou olá. Dizer bom dia, não é definitivamente desejar que você tenha um. Qual o sentido de tudo isso? Ser educado,  passional e previsível? Você entra no elevador atrasado numa segunda pela manhã e dá de cara com o vizinho. Ele diz sem olhar, bom dia. Você fecha o portão do prédio e cumprimenta o porteiro dizendo o mesmo. Chegando no trabalho, vai cumprimentando os colegas de trabalho e chefe com o mesmo inexistente bom dia. Se for a escola, segue-se o mesmo ritual e assim se repete rotineiramente o mesmo cenário. Na prática, ninguém se importa mesmo se você terá ou não um bom dia, e por isso, não desejam realmente. Fazem porque é educado fazê-lo. Um condicionamento aperfeiçoado pela sociedade ao longo dos anos vividos. Resta-me responder apenas, bom dia por q