Crônicas de um homem qualquer
Sob a cama num emaranhado de lençóis brancos acolchoados, a enorme mancha de vinho. Marca de mais uma noite regada à bebida e prazer. Os pés descalços e sujos na cama evidenciavam a longa noite agitada. Um corpo sobre o outro. Ambos nus, cansados, suados e levemente adormecidos. O ruído que ela fazia ao dormir o despertava. O movimento do peito ao respirar, sua pele delicada, seu rosto feminino, seus contornos suaves. Ele a tudo percebia. Sabia que teria que mandá-la embora pela manhã. Conhecia bem o que estava por vir. Mais uma noite se passou e como todas as outras noites, essa não foi diferente. Uma noite previsível pensara. Era apenas mais uma mulher em sua cama. Ele nada sabia sobre ela, mal lembrava seu nome. Tinha sido assim nos últimos meses. Uma rotina displicente e erótica. Uma felicidade usurpadora e dissimulada para cada uma de suas vítimas. Não se sentia vitorioso em relação às essas mulheres, não se sentia usado por elas, tampouco. Sabia que se enganava diar