Inércia
Inércia
Eu me olho no espelho e permaneço inerte ao que vejo
Sentada em uma cadeira, sem movimentos, contemplo meu corpo
São lembranças perdidas, momentos sem graça, um tempo recente
Meus olhos parados, fixos na imagem refletida de um quase
morto.
Sim, um ser vazio, sem vida, um ser sem forças
Sabendo que a inércia não muda o tempo presente
Mantenho fixo o olhar moribundo e triste
Que me leva dessa vida para um outro momento,
A viagem no tempo.
Um tempo também vazio
e sem sentimento
Um tempo perdido, nos anos passados,
Um tempo que se esvai como o vento.
Procuro a lembrança, procuro o amor,
Nada me sobrou. Não! Minto,
Sobrou o vazio, ficou a dor.
Alucinante dor que me consome
Que me irrita a garganta, que me faz pigarrear
Sim, aquela dor forte no peito de quem conhece a perda.
Dor conhecida que o vazio produz, dor ausente, dor ingrata
Dos que recebem a visita do vazio em vida, dos que vivem
mortos
Enquanto ainda se tem vida.
São os que respiram
sem perceber, os que sobrevivem sem querer,
Dor maldita.
Vazio incompreensível
Impossível de descrever.
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