A bailarina

Dançar  uma valsa leve e ritmada tem um poder de cura. Serenidade e leveza da bailarina que desliza livremente sobre o piso amadeirado daquela sala amarela e janelas verdes. Não são as batidas da musica que a conduz. O que a faz deslizar docemente com suas sapatilhas poidas é a certeza de que a musica não acaba agora. É também a certeza de que valsar é a melhor coisa a se fazer naquela sala de dança. 
É leve e harmonioso o compasso da dança. A dançarina também ajuda marcando bem seus passos e deixando para trás o rastro de seus pes esticados em um andeor. Seus pés fazem um ligeiro fondu e demi plie enquanto ela decide avançar dominando a sala. 
O piso amadeirado fica marcado pelo giro de seus pés. Seu corpo gira ansioso pelo próximo movimento e sim, ela move os braços e cabeça tão bem direcionados e alinhados que é impossível não pensar que tudo aquilo é minunciosamente orquestrado para encantar a platéia que a assiste. Encantar e seduzir graciosamente seu público. A dançarina não para de fazer seus giros e  apontar com seus dedos o perfeito alinhamento de seu port de bras. Ela é bela. E de uma beleza ímpar. A delicadeza de um ser angelical, quase sobrenatural. Ocupando toda a sala amadeirada através de sesus suaves e perfeitos passos e giros, eu  apenas observo. Vejo de longe, do outro lado da rua pela pequena janela verde, sua sompra e o reflexo do piso de madeira arranhado por causa de seus passos. Vejo também seu rosto cândido e pálido que esconde mais que revela. Observo a dançarina calmamente acompnhando sua coreografia mentalmente. Os passos se repetem e enquanto ela gira e se alonga no ultimo ato da dança penso comigo mesma se é tudo o que lhe resta. O último, passo, a última dança. Aquele último momento. Ela não pode me ver do outro lado da rua espiando sua dança. Ao esticar seus braços e fechar sua quinta posição, tudo o que ela vê é a rua cheia de carros, postes e pessoas passando. Ela vê a vida continuar apesar de sua dança ter acabado. Por um minuto é ela quem se perde ali em pensamentos. Não fixa o olhar em nada, apenas acalma sua respiração enquanto ouve sua última nota. Então relaxa, e sai da quinta posição. 
Eu ainda consigo ver ela se abaixar e pegar sua bolsa rosa de dança ao sair da sala. Não demora muito e tudo o queme sobra é o piso amadeirado arranhado daquela sala de dança amarela e janelas verdes. Com sorte amanhã ela terá mais uma oportunidade de mostrar sua arte por ali. Eu daqui, apenas assisto.

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