A Praça





Ela senta na beira do banquinho velho de madeira para não molhar muito sua calça jeans e observa. Vê ao longe os mais velhos se esforçando para se alongar, alguns casais caminhando juntos enquanto conversam, jovens sentados dividindo musicas nos seus ipods. As crianças cheias de lamas brincando de correr nas poças recém formadas. O ceú ainda carregado ameaçando chuvas novamente. O sol aprisionado entre nuvens. Quase imperceptível.  E sente o aroma da terra molhada, a lama nos tênis, o cheiro forte das plantas ao redor da praça. Ela sabe que bem lá no fundo deveria se sentir bem. Apenas ser feliz. Entende que  felicidade não é ter, mas ser. Idealizar menos e viver mais. Ser feliz é bem mais racional que as pessoas pensam. Tem consciência que observar estas pessoas vivendo ao seu redor é especial. Um momento único. Sua respiração lenta e pesada vai aos poucos relaxando e se tornando mais lenta. Ela vai se alimentando gradualmente dos cheiros, dos sons e dos movimentos. Vai se ambientando aos poucos e aceitando todas as coisas com menos parcimônia. Sutilmente ela encosta no banquinho da praça aceitando molhar as costas e sente o gelado.
Alguns minutos depois, tudo mais calmo, ela se levanta sabendo que nada mudou, apenas sua reação ou seu comportamento. Precisamente, em  como pensa que deve colocar as coisas ou reagir a cada uma delas. Não sabe ao certo quantas vezes vai precisar voltar a praça. Nem sabe o porquê, mas entende sem complicações que é necessário e que isso ajuda. Acalma.
Sem muitos sonhos e exageradas decepções ela pega seu caminho de volta para a casa ciente de que a chuva vem em breve.


Comentários

Postar um comentário

Deixe sua mensagem e retornaremos em breve. Obrigada!

Postagens mais visitadas deste blog

Mudanças

Bom dia por quê?

Tentando Escrever