Diário não é coisa de menininha.




Engana-se quem pensa que diário é coisa de menininha. Puro preconceito. Os meninos também gostam bastante de diários e fazem lá suas anotações. Imagino eu que talvez o conteúdo não seja o mesmo, afinal, eles não se dão  ao luxo de falarem sobre seus sentimentos. Escrevem coisas objetivas, lembretes... ideias... ou desenham. Já vi muito.
 E sabe? Pensando bem, eles também não colecionam aqueles caderninhos coloridos cheios de corações e figurinhas porque até nisso são mais práticos. Anotam tudo onde der e couber. 
Usam apenas uma cor de caneta e não tem o hábito de fazer florzinhas e corações nas páginas em branco. Por outro lado, enchem as linhas com todas as figuras geométricas que conhecem, isso quando não desenham qualquer bobeira sem sentido...ou não, o que inclui pornografia - é claro.
Mas eles não chamam de diário. Chamam de caderno, óbvio né? Já as meninas, habituadas a dar diversos nomes para as coisas (sei lá porque tanta diversidade no mundo feminino...) chamam de "Querido Diário". Isso quando não criam uma personalidade e transformam um pobre caderno de anotações em um ser angelical e perfeito totalmente complacente.
Por conter muitos segredos, as garotas escondem de todos, e os meninos relapsos por natureza, perdem tudo. Ora não lembram onde guardam, ora esquecem na casa de alguém. Mas o mundo feminino é complexo e para ter absoluta certeza que seus segredos não serão descobertos, as garotas ainda passam um cadeado no pobre diário. E isso faz os meninos ficarem loucos. Primeiro porque não entendem porque um caderno precisa de cadeado, e depois, logicamente, porque querem saber o que elas escondem lá e se eventualmente seus nomes foram citados.
Eu poderia descrever muitas outras diferenças entre os adolescentes, mas vou deixar para outro dia. Quero mesmo é  discorrer sobre o pobre diário, bola da vez.
É que embora pareça infantil, tem uma grande valia. Expressam ideias, sentimentos, aguçam o imaginário e contribuem para a criatividade. Mas e para os adultos? Você tem um diário? Por alguma fatalidade, já leu alguma vez?
Pois então! Para nós a importância é a mesma. Vai entender, não é? 
É que quando organizamos nossas ideias, e pontuamos coisas que ficam aqui perambulando na nossa cabeça, estamos na verdade deixando fluir as minhoquinhas da nossa mente. E liberamos espaço para coisas  mais criativas. Daí podemos extravasar.  
Pessoas que possuem o hábito de escrever em seus diários tendem  a trabalhar o autoconhecimento. Reconhecem  seus problemas emocionais, o que ajuda a reorganizar momentos e lembranças vividas.
Psicólogos afirmam que escrever no diário pode também ajudar com a saúde e a insônia já que é uma forma de externalizar sentimentos.
Os que fazem dieta, por exemplo, podem se beneficiar mantendo um registro de tudo o que come ou comeu naquele dia.
Os mais idealistas escreveriam uma senhora biografia, planejariam uma grande revolução, revelariam segredos dos amigos ou ainda fariam um rascunho bobo da próxima engenhoca a dominar o mundo.
Brincadeiras e ironias à parte, ter um diário vai além da fantasia infantil  feminina. É uma oportunidade para refletir. 
O que teria sido de nós se Anne Frank não tivesse deixado seu precioso diário como um legado? Detalhes de sua luta pela sobrevivência na Segunda Guerra Mundial contra os nazistas teriam passado em branco e  nunca nos revelariam os bastidores da Guerra.





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