Imperfeições




Depois de um dia agitado nada como tomar um banho relaxante e se jogar no sofá. Quer ócio melhor que ficar brincando com o controle remoto só pelo prazer de mudar de canal? É sensacional! Relaxante.
Em algum desses canais passava - provavelmente pela milésima vez - O homem bicentenário. Para quem ainda não viu, uma breve palhinha: Numa sociedade futurista, robôs eram comprados por famílias americanas para realização de atividades domésticas.
 Acontece que um dos defeitos de fabricação desse robô era a capacidade de aprendizado. Aos poucos, o robô vai adquirindo emoções, sentimentos e desenvolvendo uma personalidade própria. O  drama mostra claramente que o robô anseia mesmo em se tornar humano.
Gosto muito do filme e no fim entendo que Andrew, o robô interpretado por Robin Williams, é  mais humano que muitos de nós, não é?
O que mais me chama atenção durante a trama é sua luta incessante para adquirir todas as características humanas. Pesquisas cirurgias e muitos estudos. Ele tem um cérebro positrônico, que simula o funcionamento do cérebro humano.  Juntamente com seu amigo e engenheiro de robótica começa gradualmente a modificar sua estrutura.
Em uma das melhores cenas, na minha opinião, o cientista explica que embora Andrews tenha uma aparência humana ele continuaria sendo um robô e que a aparência dele seria de um homem maduro, mas com algumas imperfeições porque o que nos torna diferentes são as nossas imperfeições.
Então fico pensando, quantos de nós odeiam nossas imperfeições simplesmente por não serem iguais ao padrão estipulado pela nossa sociedade? E quantos de nós vivemos em grande martírio lutando freneticamente para sermos iguais ao que dita a moda, ainda que esta mude a cada geração/estação.
E se aceitássemos que somos imperfeitos, mutáveis, imprecisos, errados..humanos?
Onde ficariam metade de nossas ansiedades, temores, pavores e neuroses, se não precisássemos lutar diariamente pela perfeição em todas as áreas da vida de forma doentia e sanguinária? seriamos mais felizes? Talvez sim.
Se valorizássemos nossas diferenças e aceitássemos essa condição não teríamos tantos casos de bullying, preconceitos, baixa auto-estima e muitos outros problemas derivados de não aceitação.
De qualquer forma, aceitar essa condição de imperfeição faz a vida ser mais leve. A carga fica menor e essa suavidade contribui muito para a satisfação e felicidade.
Finalizo com uma das falas de Portia que muito completa esse pensamento.
 
É importante não ser perfeito. E importante fazer a coisa errada. Para cometer erros. Para descobrir o que você sente. Os seres humanos são extremamente confusos. Não é ser racional, é seguir o seu coração e você tem esse coração, Andrew. Eu sinto.





Comentários

  1. A controvérsia apontada nesse brilhante filme é exatamente a realidade vivida por muitos que estão presos em um "sistema" social! O robô foi criado para parecer o máximo possível com os seres humanos e este acaba por ser o maior problema de sua existência. algumas pessoas acabam por lutar a vida toda contra exatamente aquilo que se propuseram a viver.

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